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Arquivos sobre o primeiro cabo submarino transatlântico a ancorar no Brasil (1873-1874)

1873 - Europa e América.JPG

Arquivos anteriores à chegada do cabo (1871-1872)

Em 10 de dezembro de 1871 o Diário de São Paulo republica um artigo no Times chamado Money Market. O artigo menciona a busca por capital para conectar Lisboa e Pernambuco, estimando que o cabo teria cerca de 3,500 milhas e, custando 300 libras por milha, seria necessário mais de 1 milhão de libras esterlinas. O artigo calcula, então, o comércio do porto de Pernambuco e Bahia para afirmar que o investimento não compensa, ainda que afirme que "o Brasil é hoje o único país importante que pouco ou nada tem feiteo para ligar telegraficamente as suas principais cidades, e até que isso se faça, ou até que o governo imperial formalmente se comprometa a fazê-lo, não julgo plausível pedir dinheiro ao público inglês sem o prevenir de que não pode contar com dividendo até que haja uma rede de fios telegráficos naquele vasto império" [http://memoria.bn.br/docreader/709557/7210]

Em 29 de dezembro de 1871 é noticiada a volta da discussão, no Times, sobre um cabo transatlântico entre Lisboa e Pernambuco. Anuncia-se a busca por capital para o estabelecimento do cabo de 3.500 milhas, 300 libras por milha, resultando em mais de um milhão de libras. Reclama-se que o Brasil "é hoje o único país importante que pouco ou nada têm feito para ligar telegraficamente seus principais centros de população".

[http://memoria.bn.br/DocReader/138916/881]

Em 27 de abril de 1972 se anuncia que a fabricação do cabo submarino entre Lisboa e Brazil já começou, na Inglaterra. [http://memoria.bn.br/docreader/704555/2707]

Em 19 de abril de 1872 foi assinado, junto ao ministério de obras públicas, um contrato provisório para o estabelecimento do cabo entre Portugal e Brasil. Os concessionários têm a depositar como garantia 20,000 libras esterlinas. O projeto prevê estações na ilha de Madeira e em uma ilha de Cabo Verde. A previsão era de, até novembro, colocar a primeira seção entre Lisboa e Madeira. As demais estações, em Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro estavam previstas para o fim de 1873.  Depois de pronto o cabo submarino entre Inglaterra e os Estados Unidos, o vapor Great Eastern colocará o cabo. [http://memoria.bn.br/docreader/218235/3910]

Chegada do cabo em Pernambuco (Dezembro de 1873)

Em 3 de janeiro de 1874, a Província comenta a inauguração do cabo submarino no palacete da Associação Comercial: "Bandas de música tocaram no átrio do palacete. Ao receber a communicação de que S. M. Imperial tinha chegado à esteção telegráfica do Rio de Janeiro - as músicas tocaram o hymno nacional que foi repetido ao chegar ao palacete o telegramma imperial, que foi lido ao povo pelo presidente da província.  Depois dessa leitura foi servido um lunch. Segue a troca de telegramas, publicado no artigo de Ruy Figueiredo na Revista Brasileira de História das Mídias: http://memoria.bn.br/DocReader/128066_01/773

Em 4 de janeiro de 1874 o periódico A Província publica uma reprodução meio ácida, que não compreendi de todo e selecionei só o que achei relevante: O telegrapho submarino encheu a todos de eletricidade. Vivas electricos, músicas electricas, cervejas electricas [...] o telegrapho é o novo Missias da civilização contemporânea; por uma feliz coincidência a inauguração do cabo neste dia, em que a christandade celebra o natalício do Redemptor, equivale a uma verdadeira redempção. [http://memoria.bn.br/DocReader/128066_01/777]

A Western tentou pagar aos oficiais da Marinha em Pernambuco que apoiaram a ancoragem do cabo, mas eles estavam tão orgulhosos que não aceitaram: http://memoria.bn.br/docreader/586404/1293

Chegada do cabo no Rio de Janeiro (Dezembro de 1873)

25 de dezembro de 1874 - Na véspera do natal de 1873, compareceu d. Pedro II a inauguração do telegrapho elétrico submarino, acompanhado de autoridades e semanários do Paço. O monarca fez uma excursão longa até a igrejinha de Copacabana, onde chegou às onze e meia da manhã. "Só a beleza do cenário, ouro e prata do sol e das espumas, compensaria a demora das manobras". Cortado o cabo a bordo do navio "Hooper", ligando a outro um saveiro, aproximou-se este do portão da igrejinha, puxado por possante rebocador. Próximo a praia, uniu-se esse cabo a outro de maior diâmetro que o imperador foi o primeiro a puxar, às duas horas da tarde. Modesto casebre de pescadores, nas cercanias da igrejinha, recebeu a honra de servir de depósito provisório às pilhas elétricas, de sorte que se fez imprescindível estender o cabo até lá. Tudo pronto. Duas horas e vinte. Ansiosa expectativa: Pedro II dá o signal de início. O primeiro posto de telegrapho submarino da cidade do Rio de Janeiro chama seu colega da Bahia. E sua majestada passa respectivamente a Antonio Candido da Cruz Machado, presidente da Bahia. Henrique Pereira de Lucena, futuro barão de Lucena, presidente de Pernambuco, e Domingos José da Cunha Junior, presidente do Pará, o seguinte despacho histórico: "Já se acha o cabo submarino no território da capital do Brasil. A eletricidade começa a ligar as cidades mais importantes deste Império como o patriotismo reune todos os Brasileiros no mesmo empenho pela prosperidade de nossa majestosa Pátria. O imperador sauda pois a Bahia, Pernambuco e Pará por tão faustoso acontecimento, na qualidade de seu primeiro compatriota e sincero amigo. Até os bons anos de 1874" [http://memoria.bn.br/docreader/089842_05/4496]

 

25 de dezembro de 1874 - Colocado o cabo em um casebre que existe ao pé da igrejinha de Copacabana e no qual se achavão as pilhas, o imperador, às 2 horas e 20 minutos deu os sinaes convenientes para chamar a atenção do telegraphista da Bahia, e que lhe forão imediatamente respondidos, e dirigiu por intermédio do telegraphista, o seguinte telegrama ao presidente da Bahia, em primeiro lugar, e depois aos de Pernambuco e do Pará: "Já se acha o cabo submarino no território da capital do Brasil. A eletricidade começa a ligar as cidades mais importantes deste Império, como o patriotismo reúne todos os brasileiros no mesmo empenho pela prosperidade da nossa magestosa pátria. O Imperador saúda, pois, a Bahia, Pernambuco e Pará, por tão fausto acnotecimento, na qualidade de seu primeiro compatriota e sincero amigo. Até os bons annos de 1874. [http://memoria.bn.br/docreader/709557/9609]

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